quinta-feira, 16 de setembro de 2010

O mar,o rio e eu

O mar,o rio e eu




_BUM-BUM,BUM-BUM,BUM-BUM

O tambor já estava ressoando desde cedo,era o pessoal calibrando para a excursão,fui convidado pela Rosa,minha querida Rosa , coração de ouro,alma linda ,que nome perfeito lhe foi dado,embeleza,perfuma nossa vida.Pois ela me convidou pra ir nesta excursão com destino a Torres,já era um burro véio e não conhecia o mar,o tão falado mar,eu tava meio nervoso mas ia com amigos, estava seguro.

E lá fomos nós,foram quase cinco horas de viagem,o samba comendo a fuséu,samba dos surdos e samba na garrafa,até que tava boa a aventura,chegamos numa praia muito bem organizada com guarda-sóis na areia,tudo bem chic,sentamos e fizemos os pedidos,até que um guarda veio nos pedir que saíssimos dali pois não se admitia excursões,ou seja não era pra nós,era pra burgues,mas tudo bem fomos mais adiante e paramos numa praia nem tão organizada,era a dos farofeiros,achamos nosso lugar!

_BUM-BUM,BUM-BUM,BUM-BUM!!!!

Minha Rosa,decidiu entrar n´agua,foi colocar seu maiô que até então era segredo,quando ela voltou estava vestindo um troço azul com bolinhas pretas e um babado na cintura,era moda,só que em 1900!!!!!!

A Magda pediu que passase bronzeador nela,se deitou de bunda pro sol, era descomunal sua bunda,pra passar bronzeador seria preciso uns dez litros mais ou menos.

A Fatima já tinha caido a franja,interessante isso,a franja dela é o termômetro de quando está bêbada,se esta pra cima ta sã,se cai ta prontinha,nesta hora tava mais pra baixo que barriga de cobra,prontinha,dava risada,daqui a pouco chorava um pouco e ria novamente,a Neca chamando o José Francisco e o chico nem aí,com os braços esticados sambava na areia,tal qual um galo despescoçado.

Os maridos ,namorados olhando disfarçadamente as bundas que passavam e as feras de olho neles,o beliscão tava rolando frouxo.

Então estava na hora do encontro,o mar e eu.

Olhei aquela imensidão azul,a brisa com cheiro saldado,areia branquinha,horizonte sem fim,senti a agua molhando meus pés,a areia em contato com minha pele,fechei os olhos,respirei fundo e iniciei nosso dialogo:

_Sabe mar,tu é muito bonito,é uma beleza que eu não imaginava que existia,tudo tão imensuravel,tanta cor,tanto cheiro,tanta vida,mas eu não gostei de ti,la em minha cidade tem um rio ,suas aguas são pardas,a areia não é branquinha,mas eu o amo,descobri agora que eu nasci pra rio e não pra mar,la eu tenho arvores nas suas margens,eu me sento sob sua proteção e leio um livro,as pessoas passam e me cumprimentam,la eu olho pro outro lado e se quiser pego um caíque e atravesso,la eu pesco pintado nos meses de setembro,la o garçon sabe meu nome e nem preciso pedir porque sabe meus gostos,tu é violento este barulho não me traz alegria,este sol torra meu corpo,não tem arvore,então pensando em meu rio que deixei pra conhecer o mar eu chorei,com os olhos fitando um azul eu chorei e minhas lagrimas se misturaram com a agua salgada levando minha dor,minha saudade ,virei as costas e  disse:

_Eu não gosto de ti porque não tivemos nenhum momento de alegria juntos,adeus.

Quando tinha dado alguns passos ouvi sua voz acima do barulho das ondas:

_Você não precisa me amar,só lembre-se que todos os rios desembocam no mar,é inevitavel.