segunda-feira, 30 de maio de 2011

Me Chamam de Grosso Eu Não Tiro a Razão e Oriento

Me Chamam de Grosso Eu Não Tiro a Razão
E
Oriento


Como puderam notar não postei por alguns dias,conseqüência de alguns leitores que me criticaram,dizendo injustamente que sou bagaceiro e escrevo muitos palavrões,como sou sensível a críticas negativas,as positivas pode,resolvi fazer greve,mas devido a muitos pedidos,na verdade apenas um(da minha sobrinha Neiva),prá voltar a escrever,aqui estou,em resposta aos que me denegriram dizendo que escrevo nomes feios peço gentilmente que vão tomar no cú!
Somos conseqüência de como fomos criados,plante arroz e colherá o quê?
Em minha família praticamente nascemos com o cú na boca,talvez seja errado,feio,chulo,baixaria ,bé bé bé,mas é assim que sou e tô muito velho pra mudar,eu tento mas quando vejo ta lá, o cú sai.Perdão leitor!
Bom,mas não sou o único,por exemplo se você que é tão santo ou santa,esta caminhando sozinho e sabe que esta sozinho,pensando que quando chegar em casa irá fazer tal almoço,ou tem que pagar aquela conta , de repente tropeça,ou trupica com o dedão você diz,grita ou xinga:
_Obrigado senhor por este trupicão!!??
Ah, vai te catar !Você larga:
_Puta que pariu, filho da puta,desgraçado!!!!!!!!
Outro teste:
Hoje acordei com uma dor profunda bem no meio da minha....
Coluna, eu ia dizer coluna,mas o que tu pensou?Ahã,depois sou eu o bagaceiro.
Tenho um amigo que tem medo de gente,vivo dizendo que todos somos ridiculamente iguais,mas não me acredita,não devemos temer ninguém,as pessoas vestem máscaras que são úteis pra tentar diferençar esta igualdade,digo a ele:
_Ta vendo aquela mulher tão chique, com casaco tão lindo,salto agulha,terninho,chapéu,blazer de ombreiras,calça,légui,régae,pége,léve,tudo tão fino,ela é mais que eu,que tu?
Faça um teste:
Ela caga? Mija?
Então não é mais que eu,tanto faz se é rico ou pobre,presidente,caboclo,padre,papa,Jesus,todos somos iguais,sim até Jesus,Jesus foi humano portanto também fazia isso que nem tenho coragem de repetir,sim cagava mijava,era sagrado,mas fazia,somos todos filhos de Deus,não importa que nome este Deus tenha pra você,todos os rios vão parar no mar.
Apos este pequeno prólogo, quero contar uma pequena historinha que me aconteceu na infância que nada tem de imoral,pode ler tranqüilo(a):


Oriento.
No tempo que eu era criança e nem faz tanto tempo assim,existia algo tão magnífico,tão sublime,tão perfeito que muitos queriam e poucos tinham e quem tinha era tremendamente feliz,era um relógio de pulseira de aço,tampa de vidro,chamado orient,que caiu na boca do povo por oriento,eu queria tanto,mas tanto e no final de ano, passando na escola,ganhei de mamãe meu sonhado objeto.
Todas as férias , ia passar numa fazenda ,que meu tio cuidava e lá ficava por três meses,naquele ano fatídico não foi diferente,e lá fui eu com meu oriento brilhando mais que o cometa harlley,se tu olhasse muito tempo ficava cego,acontece que meu pulso era muito magrinho,aliás eu todo era magrinho,aliás ainda sou,consequentemente meu redondo,quero dizer meu relógio ficava frouxo.

Chegando na fazenda Bartira,mostrei meu presente pro tio,pra tia,pras vacas,pras porcas,pras éguas no açude,na hora da água.
E assim foi passando minhas férias, até que um dia titia me pediu para ir até o rio pescar um peixe pro almoço e lá fui,peguei a linha e girei no ar cinqüenta voltas até dar impulso,meu pés firmes no barranco, atirei-a
com chumbada,aquilo foi tão longe que esperei vinte e cinco minutos ate cair na água, vibrei com minha força e quando olhei pro pulso:
_Cadê?
_Cadê meu oriento, Jesus amado,meu relógio tinha ido parar na água,eu tinha perdido!!!!!!

Minha vida acabou pra sempre,a tristeza tomou conta de meu coração encardido.
O restante das férias passaram ,não notei,nada mais importava,nem as porcas,cabritas,égua,barranco,água no açude,nada,,nada.
Nada.
Fui pra casa,voltei as aulas,rotina,escola,casa,casa,escola.
Um ano passou e veio o verão,fui pra fazenda novamente,agora já conformado,que muita tristeza é uma merda!
Um belo dia fui pescar ,deu uma dorzinha confesso, finquei os pés no barrando,reboliei a linha com chumbada por quarenta e nove voltas e mandei:
_THIBUMMMMMMM!!!!!!!

Esperei vinte minutos a linha cair na água e quando sentou no fundo ,já deu um puxão que meu ombro dói até hoje,não consegui puxar,o peixe era grande,atei numa árvore e fui pegar o trator,amarrei na barra de ferro que tem na frente e fui puxando,de vez em quando era puxado até a beira mas eu acelerava mais e ganhava impulso,assim foi a tarde inteira até que consegui tirar o bicho pra terra,pra ti ter um idéia quando o peixão foi tirado baixou três metros da água.
Chegando na sede da fazenda,peguei um facão e fui abrir o bucho do bicho ,as escamas dei pro meu cunhado que toca guitarra com elas até hoje,ao abri-lo ouvi um barulho:
_Tic-Tac,Tic_Tac,Tic-Tac!!!!!!!!!
Abri mais e uma luz brilhou,tão intensa que me cegou por cinco minutos, quando voltei a ver, o que vi me fez a criança mais feliz do mundo:
Meu relógio oriento!!!!!!!!!

Isto aconteceu,minha tia ainda é viva e pode confirmar tudo,como odeio mentira,devo dizer pelo bem da verdade que meu oriento tava atrasado um minuto.
E tenho dito!

Edson Novais,Rio Pardo,Rs

Nota:Como diria minha irmã Rose:
_Eu tenho educação,mas vai tomar no cú!

terça-feira, 24 de maio de 2011

Sinais

Sinais

Você acredita em sinais?
Eu não saberia responder até bem pouco tempo,hoje não tenho tanta certeza,creio que existe magia,creio em magia e em avisos.
Estava eu no trabalho, tudo tranqüilo,realizei minhas tarefas, descendo uma escadaria bem no topo, num poste, na minha frente pousou uma enorme coruja num primeiro momento não a vi ,só o ruflar de suas asas,voltei-me de corpo inteiro e la estava ela ,linda!
_O que tu quer me dizer?
Ela abriu suas asas enormes e ficou me olhando tanta sabedoria naqueles olhos,não dei mais importância e fui pra casa dormir.
Tive um sono agitado sonhei que em frente de minha casa estava estacionado uma caminhonete carregada de carne de porco, recordo que no meu sonho me espantei com aquela imagem, principalmente com a cabeça ensangüentada.
Domingo.

Tudo normal, acordei cedo,lavei o carro,tomei café invariavelmente com minha irmã e planejamos o almoço.
Mercado,compras,churrasco,coca-cola,sol,riso,visita da Mariane,DVD,musica,mais riso,tudo perfeito.A vida é bela!
14horas:
Após um lauto almoço estava na hora de ir trabalhar,servi um pote para meu amigo vigia ,me despedi,coloquei meus fones que retumbou nos meus ouvidos a musica do Akon Angel,exatamente neste momento, minha irmã Jane lavava a louça e sentiu a mão levinha do falecido papai no seu pescoço,ela se virou e chorou,lavava a louça chorando.
Senti uma picada no meu braço,uma formiga estava grudada,ardeu,dei um peteleco nela e joguei-a longe,segui caminho.
14horas e 5 minutos:


Cheguei na portaria da empresa,cumprimentei meu amigo Cezar,entreguei seu almoço,como sempre me repreendendo que não precisava,peguei minha chave e desci pro meu setor,inseri a chave no cadeado e neste momento senti que algo estava errado.
Não sentia mais minha boca!

Meus lábios inchavam,minha respiração pesava,agarrei-me ao portão minha visão estava ficando obscurecida, meu peito doía,meu rosto pegava fogo,precisava voltar até o vigia era minha única salvação,não tinha mais ninguém na empresa,comecei lentamente a subir a escadaria,quase sem respirar,parei em certos momentos,cada pedaço ,cada passo um sacrificio,o suor escorria,minhas pernas tremiam,a garganta fechando como uma corda no pescoço do enforcado, me escorei no poste onde a coruja tinha pousado,agora eu tinha a resposta de minha pergunta, tomei impulso e segui,consegui chegar até a portaria ,neste momento o Cezar me viu,deu um pulo, eu balbuciei:
_Hospital!

Correu e chamou outro funcionário que estava por ali, me colocaram no carro, meu rosto estava deformado de inchaço, queria falar, minha cabeça pensava e na minha garganta saia só um ronco,eu tinha plena consciência que estava morrendo,escorei a cabeça no banco enquanto o carro ia a toda pelas ruas da cidade,fechei meus olhos,escuridão!
Abri meus olhos, o enfermeiro me aplicava uma injeção na veia, nos dois braços, estava no oxigênio,minha irmã chorava ao meu lado e neste momento me dei conta que tinha voltado e chorei,chorei por que por mais ruim, por mais problemas viver ainda é bom!
Passei a tarde na emergência e ao anoitecer estava bom, totalmente desinchado,lindo novamente!
Tive um choque anafilático por picada de formiga!
Eu ia morrer por causa de uma formiguinha!
Sempre sonhei em ter uma morte heróica, salvando uma pessoa, ou qualquer outra mais digna, mas por uma formiga?!?!
Meu velho pai não deixou dinheiro , terrenos,carros,mas deixou duas coisas que me servem e serviram na minha quase morte,ele me dizia:
_Filho, anda sempre com cuecas e meias limpas,nunca se sabe o que pode acontecer e as pessoas olham,disfarçadamente mas olham.
Nesta minha quase morte minhas cuecas e meias estavam impecáveis, quer dizer, quase,sabe como é roupa branca, vai amarelando e com o tempo amarronzando e La estava eu de pés bem pra cima e o pior ,o enfermeiro teve que aplicar uma injeção na bunda,porque não segui os conselhos do meu paizinho????????

Edson Novais,agora sempre de cueca e meias limpas,Rio Pardo,Rs


CORUJA
Sabedoria, inteligência, silêncio. A coruja é relacionada com a lua. Símbolo do conhecimento racional, da clarividência, da reflexão e iluminação, e das trevas. Mais recentemente, a coruja também simboliza o tenebroso, mau augúrio e ingrediente para poções mágicas.


Sonhar que vê pedaços de carne crua é presságio infeliz, relativo à enfermidade

quarta-feira, 18 de maio de 2011

A Comadre de Ogum

A Comadre de Ogum

Não sei de onde vem esta carga que tenho em minha vida de atrair confusão,entrar em fria,tantas pessoas recebem dons e eu tenho o dom de receber de graça problemas,geralmente alheios,estou na minha e de repentemente bum ,me meto em gelada.
Ela é pequena,nas minhas contas tem duzentos anos,mas o cabelo pretinho que chega doer,talvez por ser mestiça com bugra,chegou de mansinho e perguntou:
_Tu virá na procissão de Ogum?Será sábado á noite!
_Talvez eu venha,falei tirando o corpo fora.
Fui pra casa e a semana passou,lá por sexta o telefone toca , é a filha da bugra,
_Edson,a mãe ta contando contigo pra levá-la na procissão,não pode caminhar e tu ficou de ir de carro com ela.
Eu fiquei???????? Pensei desolado, tinha caído numa armadilha e não me toquei,mas tudo bem se fiquei,agora que agüentasse.
Fui eu e meu cunhado,aliás filho dela,lavei meu escortizinho,encerei,polí,diamantei, perolizei tudo pra fazer bonito pro Jorge,ou Ogum,chegando la o batuque já tava comendo,em frente a terreira as pessoas cantavam vestidas de branco ,vermelho,a musica dos atabaques,as cores,as luzes tudo tão lindo,os cantos que pareciam lamentos de um povo que sofria a injustiça da escravidão,a dor de ser tirado de seu chão pra virar um animal de carga,tudo isto o canto lembrava de um passado não muito distante,aliás só mudou a forma de escravidão.
Pois após esta reflexão vou continuar minha história, tava na hora de começar a caminhada,Ogum saiu de dentro da casa num andor de madeira,carregados por pais –de- santo todos ornados de branco,uma chuva de fogos de artifício espocaram no céu,a dona da casa foi na frente vestida de vermelho e era impressionante a dignidade,a altivez desta senhora comandando a procissão.
Entrei no carro e imediatamente se aboletaram cinco sobrinhas da caronante,três filhos,dois netos um cachorro e um gato,a musica alta dos tambores vindo de cima da caminhonete davam um emoção a mais,foi quando ouvi um berro:
_Aiê, Ê,Ê!?!?
Olhei pra trás, ela tava incorporada,desci ,tinha prometido levá-la mas sem incorporação!Passei a chave pro filho que repassou pro outro filho que por sua vez trespassou pro namorado da neta, Deus!!
Fui caminhando com duas filhas dela,bem mais adiante me dei conta que o automóvel não vinha vindo,meu cunhado voltou e não voltou mais pra caminhada,mas continuei hipnotizado pela beleza de tudo,quer dizer menos da rua que era uma massa de barro com pó de carvão,pedras pontiagudas,mas caminhei,caminhei,caminhei,caminhei mais e mais e mais e mais,ao total três mil quatrocentos e cinco quilômetros,nesta altura meu humor e meu ar tinham evaporado,pedi que uma das gurias passasse um braço em cima de mim,eu tava cansado,quando levantou o sovaco tive certeza que tinha uma oferenda ali e pior ,tinha apodrecido!
Continuamos, foi quando ouvi algo mais que os tambores,um som vindo da outra filha ,perguntei o que era e me disse:
_São as emanações de energia!
Pra mim tem outro nome, mas tudo bem seguimos adiante, chegamos em cima de um ponte de madeira que ao peso de tanta gente estalou e se mexeu,um garoto,disse que a ponte iria cair,que raiva do diabinho!
Chegamos próximo do fim, e eu vi.
Vi estacionado em frente da casa,meu carrinho todo preto de carvão,desbeiçado,pneu furado,sem nenhuma luz funcionado,meu ombro caiu,em frente estava a senhora,me ofereceu água,água,!!!!
Eu querendo encher o bucho porque dizem que toda festa tem cabrito,farofa,doces,canjica,pipoca e me oferecem água?
Não disse nada,entrei no escort,e fui embora.
Hoje tocou meu tefone,era a comadre de Ogum,desliguei,tirei o chip,joguei fora,numero novo,vida nova.
Salve Jorge!

Edson Novais, Rio Pardo.

terça-feira, 17 de maio de 2011

Sociedade Secreta Tranqueira Invicta(A Seita)


Sociedade Secreta Tranqueira Invicta



Ninguém sabe que ela existe, a não ser os que devem saber,os convidados.E para ser convidado são feitas reuniões para analisar o futuro postulante,uma pessoa é designada a seguir,investigar,e entregar o relatório na seção de avaliação.
Se esta pessoa for digna, tiver um passado ilibado e um futuro promissor seu padrinho faz o convite,segredos são revelados aos poucos,no começo são segredos inventados e depois vão se descortinando a verdade sobre a seita que existe,sempre existiu e existira para todo o sempre em Rio Pardo.
São pessoas normais, todos homens,jovens,adultos,quando os encontramos não percebemos nada de anormal ,esbarramos todos os dias com eles na Andrade Neves,não vemos porque os detalhes são imperceptíveis aos olhos dos comuns,mas os irmãos se reconhecem por uma marca na roupa, um cajado com uma cobra enrodilhada formando um esse,a Seita.
A Seita segundo me foi revelada por um ex membro,que sumiu pra nunca mais ser visto,foi fundada por antiguíssimos cidadãos anteriores a escola militar que precisavam esconder o objeto que acharam puxando a corrente da lagoa do segredo,sim,a corrente foi puxada e na ponta dela tinha uma caixa de metal,dentro desta caixa um objeto tão terrível que ao ser visto trouxe a maldição ,era preciso a todo custo fechá-la novamente e esconde-la ,para isso nasceu a Seita.

Muitos anos depois numa tentativa de ser retirada a maldição, foi celebrada pelo bispo uma missa em praça publica, rogando-se a Deus que nos livrasse do mal, idéia de alguém que sabia a verdade,não deu certo.
O secretario fica na porta da antiga escola militar,os membros da sociedade chegam e com uma batida suave com o indicador na mesa de madeira se identificam,sem palavras.

Um por um, com espaços de tempo,sobem a escada ,lá em cima entram numa salinha sem importância nenhuma,atrás da estante tem uma porta,ao ser aberta é revelado um túnel que atravessa toda a cidade,com uma passagem pela igreja,e saída na corsam, antigo palco de luta,no famoso ardil,de lá uma escada camuflada,desce até a praia dos ingazeiros.

No meio da cidade, nas suas entranhas, no subterrâneo, tem uma sala em forma de cruz, ali tem um altar,nas paredes archotes, e fotos dos membros honoráveis.
Nesta sala já foram tomadas decisões que afetaram toda a cidade,quem seria eleito,quem deveria ser varrido,ali a verdade foi descoberta sobre o rei da jogatina e como seria denunciado,sobre o local que tinha uma porta oculta e de onde na realidade funcionava um cassino.Em determinado período, a congregação achou por bem matar o prefeito e num atentado que parecia acindental derrubaram o palco onde estava o ilustre em pleno carnaval,ousadia sem tamanho.

A sociedade age na clandestinidade , mas age com mão de ferro.
O objeto esta concretado bem fundo na terra, de onde nunca deveria ter saído,o santo monge sabia e tentou alertar as pessoas ,foi expulso daqui.
Tudo oculto ,ninguém imagina o que acontece aqui,mas eles existem,no silencio,exímios na arte de mostrar sem ninguém perceber,como os símbolos em duas igrejas,ou no alto das casas antigas,figuras que revelam que alguém ali é guardião.

Toda geração tem um guardião que comanda a seita e quando morre são feitas homenagens de agradecimento pelo seu serviço, este cidadão não pode ter preocupação com dinheiro por isso sempre é amparado pelos membros,geralmente é conhecido como o mais rico de rio pardo.
No cemitério municipal existia até bem pouco tempo,um túmulo com uma estatua de bronze de Jesus com a mão erguida revelando um sinal da seita,foi retirado com destino ignorado.
A sociedade se modernizou e percebeu que para o segredo permanecer era preciso alguém nas altas esferas políticas e assim foi feito.
Em Rio Pardo existe um portal onde as forças se encontram, local banhado com sangue,Cruz do Barro Vermelho,poderoso e ninguém sabe.Local onde foram mortas milhares de pessoas,ali,bem ali as almas se reúnem e procuram o objeto.
Mas a sociedade esta velando pelo objeto,ninguém o terá.

Ao escrever isto estou de malas prontas,sairei da cidade,dez pessoas estranhas entre si tem meu endereço e de tempos em tempos checarão se permaneço vivo.
Isto foi escrito como uma maneira de me proteger e devera ser publicado se algo ruim me acontecer,devera ser muito bem investigado se minha morte ocorreu de forma natural , “acidental”, ou violenta,se for o caso publiquem imediatamente.
Edson Novais,Rio Pardo.


Nota:de um lado do objeto esta escrito:O que está em cima é como o que esta embaixo.
Do outro lado:Acima do bem e do mal existe Ele.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

O Menino dos Olhos Tristes e o Gato Amarelo

O Menino dos Olhos Tristes e o Gato Amarelo
Ao Angel Lucas com amor.
O que vou contar realmente aconteceu.

As pessoas tem medo.Medo e vergonha de ter medo.
Existem regras que são seguidas religiosamente, por exemplo,nunca se deve olhar nos olhos de alguém quando se esta caminhando ,ficam irritados,o perímetro que destinamos como nosso território é de dois metros e ai de quem invadir este espaço,faça a experiência,quando for na padaria,ou na farmácia,ou na loja pagar o carnê verifique até onde teus olhos se fixam,nunca vão além e com isso perdemos de ver um pássaro numa arvore,ou alguém que te observa na sacada acima da lanchonete,ou um cão olhando entediado pra baixo.

Eu era assim, até conhecê-lo, um dia indo pro trabalho, distraído vi um menininho, deveria ter seis ou sete anos,moreno,cabelos bem cortados,rosto meio pálido,magrinho, olhando pra esquina de sua casa, acompanhei o olhar dele e enxerguei uma criançada jogando bola,as mãozinhas segurando as grades da frente de sua casa,a cabeça escorada,então nossos olhos se cruzaram e ele me passou toda a dor que sentia neste momento,minha respiração falhou,parei,algo estava errado,decerto sua mãe também sentia medo,medo que alguém tão frágil se machucasse ou sei lá o que.Aquilo me abalou,porque era tanta angústia que criança nenhuma deveria sentir,angústia é pros adultos,quando eles não as tem inventam,ou se é uma angustiazinha aumentam,aumentam e se entopem de remédios.
O olhar se fixou em minha mente, no serviço aqueles olhos pretos tomados de tristeza me seguiram durante o dia.
E foi assim durante a semana, sempre a mesma coisa,o menino com o olhar triste olhando ao longe,numa sexta feira não estava na cerca e indiscretamente olhei para a porta aberta,ele tava lá com um aparelho de nebulização ligado,a máscara transparente tapando a boca,uma fumaça saindo,olhando televisão.Entendi tudo,fui ligando os pontos,ele não podia correr porque tinha asma,esta era sua tristeza,queria brincar e não podia!
Em segredo acompanhava sua vida,sempre quieto,sempre cabisbaixo,certa feita sua mãe estava sentada em frente da casa ,o menino no colo,diminuí o passo e ouvi:

_Mãe porque não posso correr , jogar bola como todas as crianças?
Não ouvi a resposta, mas vi as lágrimas querendo cair dos olhos da mamãe.
Todos temos sonhos,isto nos move, empurra para que saiamos para trabalharmos,queremos uma televisão de 29 polegadas,um Blue Ray,uma geladeira de inox com frezzer em cima e gelo que sai na porta,uma máquina que lava ,passa,costura e chueleia,mas existe um garoto que sonha em correr.Um garoto que todo final do dia põe as mãozinhas magras na grade ,encosta a cabeça e sonha jogar futebol com os amigos,amigos que não tinha.
Numa tarde presenciei algo fora do comum, um gato amarelo invadiu o pátio,gatos são assim, não respeitam espaços,o menino o abraçou,e era uma criança normal,feliz como nunca o vi.Agora sempre o via com seu gato amarelo,não tinha mais o olhar arrasado,estava contente da vida.E consequentemente eu também estava feliz,e muito!
Uma vizinha bateu palmas no portão, uma senhora já velha, conversaram durante um tempo,no dia seguinte novamente estava lá o guri, na mesma posição,as lágrimas correndo de seu rosto e nem sinal do gato,como sabemos gatos provocam asma.
Quando voltei, a primeira coisa que enxerguei foram as luzes vermelhas piscando, uma ambulância,um enfermeiro todo vestido de branco o carregava no colo ,a boquinha puxando ar,como um peixinho tirado da água,o rosto azulado a porta do veículo foi fechada e não o vi mais.
Voltei no outro dia e no outro e no outro e nada, só a casa fechada!
_Isso não,meu Deus!Por favor,não,ele é só um menininho,não meu Deus!
Então sentei no meio fio e chorei,chorei,chorei pelo menininho do olhar triste, pelo gato amarelo, por mim,por ti,por não poder te sacudir e fazer entender que nada é tão importante assim,somente o amor que sentimos uns pelos outros.O pessoal passava e me olhava com pena ,outros riam achando que estava bêbado,ou drogado,você já viu alguém passar por ti na rua chorando?É tamanho seu sofrimento que não liga mais que olhem,eu deitei na grama e chorei,chorei porque não fiz nada, porque fui covarde.












Fui pra casa, tinha que trabalhar no dia seguinte,quando voltei , não acreditei, la estava ele!!!!!
Talvez tenha viajado pra serra, dizem que a serra cura tudo, mas o fato que estava la e bem corado.
Eu tinha um plano, fui ao centro comprei algo, pedi um embrulho vermelho pra chamar atenção, peguei mais cedo no batente ,larguei o pacote onde o gurizinho costumava ficar e parti.
Quando voltei , estava sentado numa sombra absorto, lendo o Pequeno Príncipe,noutra semana foi Meu Pé de Laranja Lima,e muitos outros escolhidos a dedo.Já o vi com expressões de espanto,de riso,de felicidade,mas não vi mais tristeza em seu olhar.Creio que ele entendeu que não pode correr como as outras crianças,mas pode voar,ser o Peter Pan com sua imaginação!



Para quem esta se perguntando se já falei com ele,digo que não,entendam que aprendi a vida inteira a não me meter nos problemas alheios,não é fácil mudar!
Edson Novais,Rio Pardo