domingo, 28 de agosto de 2011

Tem Um Anjo Triste Perto de Mim

Tem Um Anjo Triste Perto de Mim




_Vai tomar no cú,ladrão!
_Engole o que tu disse!
_Vai tomar no cú!
O pau pegou,rolamos na terra vermelha,soco e soco.Claro que ele passou da raia o ladrão sem vergonha.
_Vão jogar noutro lugar seus vagabundos!

Era dona Rola nos correndo da frente de sua casa,pegamos nossas bolitas e saimos abraçados,a briga já esquecida,nossos pés descalços pisando na terra vermelha,o suor escorrendo do rosto,formando uma linha preta embaixo do pescoço,fomos mais adiante, achamos um lugar , bem no portão da dona Rosa,fizemos o bôco,a raia :
_As brinques ou as devas?
_As devas!
O jogo começou,eu tava de olho numa olho de gato que meu amigo tinha ele numa de leite minha,pimba,ganhei!!!
_No teu cú,puto!Tu ta roubando ,acha que eu não vi!
_Engole o que tu disse!
_Tu vai engolir um soco nos beiços,tição!

E o jogo terminou era pauleira prá todo lado até que Dona Rosa,uma baixinha invocada abriu a janela:
_Vão jogar na puta que pariu seus filhos da puta,péra aí!
Quem disse que esperamos, só se via a poeira que nossos pés levantavam na tarde modorrenta,fui pra casa ,abri o portão entrei na casa de madeira pintada de cal branco,na sala uma tv em preto e branco marca Phillips,na cozinha um fogão à lenha,mamãe tava cozinhando umas tripas que ganhamos de minha tia que trabalhava no frigorífico,atravessei o pátio,me cuidando do galo doido do vô Abílio,ele nos corria a bicadas,vó Elvira também tava no

fogão,a cozinha de chão batido,o paneleiro com varias panelas penduradas,a talha de barro com aguinha fresca,a mesa escorada na parede de tábua,a chaleira com água quente cheia de chás,a cuia de prata ,olhei de revesgueio a panelinha de ferro fumegando costela de porco com arroz branco,a coisa alí tava melhor,fiquei .
Estava olhando terra de gigantes o Alemão enchendo o saco em roda,até que ouvi alguém gritando ,me chamando pro jogo.
Hoje fomos mais pra esquina ,todo mundo nos corria,dali jogamos um tempão ,neste dia a coisa tava russa, eu tava perdendo feio,um brilho de metal me chamou atenção,parei,no terreno tinha uma cadeira de rodas e um menino sentado olhando pra nós fixamente.

_Ei, cabeção,joga!
Voltei a me concentrar nas bolitas e assim passou o dia,já eram quase seis ,meu pai tava voltando do trabalho,tínhamos que estar em casa de banho tomado,todos bonitinhos.Todos santinhos.
Sei lá,mas na tarde do dia seguinte tava um silêncio pesado na rua são Pedro,não se via nenhum guri,nada,tentei descobrir o mistério,fui na casa de um amigo e matei a charada, era dia do bálsamo alemão,um elixir fedorento que nossas mães nos davam ,não sei pra que doença,mas que nos deixava mal,de cama,nunca na puta vida provei algo tão medonho.Não tendo

ninguém pra brincar ,me lembrei do garoto da cadeira,pras crianças é tão fácil fazer amizade,entrei portão adentro,o guri estava numa varanda,a casa era marrom,pátio enorme,arvoredo,uma horta ,os repolhos gigantes chamavam atenção:
_Oi!
_Oi!O menino da cadeira de rodas respondeu.
_Como é teu nome?Perguntei.
_Carlinhos.
_ O meu é Tição!
_Impossível alguém se chamar tição,riu ele com vontade,tem que ter nome de batismo!

Sua mãe, ao ouvir seu filho rindo, saiu na porta e espiou,ao me ver ela esboçou um sorriso,acenou com a cabeça e colocou o dedo na boca pedindo que eu não falasse que estava vendo,tive a impressão que era fato raro Carlinhos rir,que coisa!
Passei a tarde lá,foi servido suco,conversei tanto com meu novo amigo,ele era bem mais inteligente que eu,tirou a coberta que cobria suas pernas e vi dois gravetinhos magrinhos,me contou que não tinha amigos,nunca teve!Tinha uma irmã,não estudava porque sentia dores,sonhava em ser astronauta,e lia muito.

No outro dia voltei,não quis brincar com a cambada ,eu gostei do meu novo amigo,tinha algo nele que me fazia bem,levei meus homenzinhos,a cadeira era um forte,assim brincamos o dia todo,ele ria,eu ria,teve uma hora que gargalhou , sua família saiu toda e a casa foi tomada de felicidade,porque Carlinhos estava feliz,mas eu não atinava porque.
Passei a freqüentar aquele lar assiduamente,um dia cheguei e Carlinhos não estava na área,entrei na casa,eu já era íntimo,aliás, nunca vi outro amigo dele lá só eu,estava deitado,chorava de dor, a casa murchou,meu amigo sofria,todos sofriam,agarrei sua mãozinha branca,a testa suava,estava pálido,mas esboçou um sorrizinho fraquinho ao me ver,lhe disse que ficaria

bom,que no dia seguinte iríamos brincar um jogo novo que inventei:
_Dói,meu amigo,dói tanto!
_Tenho um plano,eu sempre tinha um plano,é o seguinte,tu passa a metade da dor pra mim,daí tu não sofre tanto!
Ele sorriu,lágrimas se formavam nos seus olhos,seus olhinhos estavam empoçados,quando rolaram ,cheguei perto do seu rosto pálido , passei a mão secando-as:
_Ei,não chora,porque se tu chorar eu também choro,assim são amigos!
Mas meu pedido era egoísta porque ao vê-lo chorar parece que alguém esfaquiava meu coração,doía vê-lo assim.O médico chegou deu um injeção e Carlinhos adormeceu.Fui pra casa,não quis olhar terra de gigantes,só queria pensar,eu tinha uma proposta pro meu amiguinho,aquilo de ficar o dia inteiro dentro de casa não tava certo, criança tem que descobrir sua rua,eu seria suas pernas e em troca ele me falaria das historias que ele lia nos livros e que encantavam tanto.

Cedo levantei,procurei minhas havainas,tomei café correndo,quando vi ele estava lá no mesmo lugar,tava melhor,sorriu ao ver,a crise tinha passado,puxei um mocho pro lado da cadeira de rodas,e fiz a proposta,ele ficou pensando sério,não sabia se podia,falou com a sua mãe se deixava sair com ele,a mãe me olhou no fundo dos olhos :
_Tu será o responsável pelo meu filho, tem consciência do que significa?
Significava cuidar dele, não deixar se machucar,não fazê-lo sofrer,logo eu que nunca tive nenhuma responsabilidade,mas olhando bem em seus olhos atingindo sua alma eu prometi ,ela viu que ,se preciso, eu daria minha vida por ele.

Sorriu e liberou, apartir daí mostrei meu mundo pra ele,meu mundo que era minha rua,minha casa,meus amigos ,eu jogava e Carlinhos ficava olhando e rindo,quando o nível baixava gargalhava que chegava a tossir,passou a freqüentar minha casa,e eu dormir ,de vez enquando, na dele.
_Tu ta me escondendo algo!
_Não,é impressão tua!
_Achei que fosse meu amigo!
_Não sou teu amigo,eu disse,sou teu irmão!
Ele sorriu feliz.
_Mas que tu ta escondendo ,isso ta!
Fiquei quieto,tava levando-o pra minha casa,lá ficaria até as quatro da tarde,enquanto isso sua família febrilmente arrumava os balões debaixo da parreira,era seu aniversario,eu tinha comprado um livro de presente.
No final da tarde o levei de volta e quando entrou olhou surpreso os balões coloridos,a mesa posta com um bolo quadrado enfeitado de chumbinho de prata,escrito com glacê”Feliz Aniversario”,os balões balançavam embalados pela suave brisa,pra beber tinha KSuco de framboesa,seu preferido,o meu era de uva.
_Parabéns pra você nesta data querida.......

Abraços,beijos,felicidade,riso,minha infância passava numa alegria que eu tinha certeza não terminaria,aprendi muito com ele,por não ir na escola seus pais caprichavam ensinado tudo pra ele , ensinaram o amor por livros e ele por sua vez me passou este amor,eu ensinei a bagaceragem da rua,na verdade fizemos uma troca,a vida era boa,eu era feliz.

Enquanto me dirigia pra sua casa eu ria antecipadamente,com uma garrafa de água embaixo do braço,naquele dia minha vó Elvira me garantiu que se eu colocasse um fio de cabelo arrancado pela raiz e pusesse numa garrafa , fechasse com um rolha, dali um tempo nasceria uma cobra.Já tinha feito a minha, agora tava indo fazer a do Carlinhos,estranhei o silêncio ,entrei,meu querido amigo tava deitado,já tinha presenciado isso tantas vezes,sentei no colchão ao seu lado,peguei a mãozinha magrinha,branquinha,conversei com ele contando da garrafa,mas não riu ,não falou nada,continuei falando sabia que estava fingindo,safado!

A mãe tava chorando,o pai andava pra là e pra cá, esperando o medico,quando este chegou, puxou o pijama do menino pra cima, colocou um negocio pra escutar seu coraçãozinho,a pressão,olhou pra mãezinha e fez sinal que não com a cabeça,ela soluçou alto,uma lamúria,eu com a mão dele na minha,nem tava dando bola pro que via ao meu redor:
_Cabeção,amanhã vamos jogar bolita,falar nisso ta quase chegando a temporada da pandorga,vou te levar no côco do padre e te mostrar como se faz, se quiser pode segurar a linha,tu quer?

Nenhuma resposta,encostei minha cabeça na dele,não ouvi sua respiração,a cor tinha mudado não tava mais pálido, mas começava a ter um tom amarelado:
_Mas se não quiser não precisa ir,podemos ler o Pinóquio,ou o sitio,ou escutar musica no rádio,as lágrimas rolando pelo meu rosto.
Uma mão encostou em meu ombro,sua mãe se abaixou e encostou a boca no meu ouvido,sussurou:
_Ele partiu.

Empurrei a mão com força:
_Carlinhos,vamos escutar a fita do balão mágico e depois vamos na venda comprar figurinha pro nosso albun,por favor acorda,Carlinhos,por favor,eu preciso de ti,não faz isso comigo,acorda amigo,acorda!

Nada,só silêncio,nenhum gesto,eu olhava pro seu rosto avidamente esperando um movimentinho,nada.
Fui puxado gentilmente,consegui me soltar e falei com raiva pra ele:
_TU É RUIM,PORQUE EU NEM SABIA QUE TU EXISTIA , EU ERA FELIZ,AGORA TU VAI EMBORA E NEM ME CONVIDOU,QUE AMIGO É ESTE,ME DIZ,ME DIZ!!!,ESCUTA,CARLINHOS, NUNCA,NUNCA VOU TE PERDOAR!!!!!!!
Ai que dor no peito,que vida desgraçada,que vida miseravel!
Fui embora furioso,sua mãe me abraçou e me agradeceu,não entendi o agradecimento,na rua todos falavam a mesma coisa ,sua morte,foi todo mundo ir ver seu corpo,eu não,não quis ir no velório,nem ao enterro, tava furioso com ele, me traiu,traiu minha amizade,se tivesse pedido teria acompanhado ele,eu poderia empurrar sua cadeira.Afinal tínhamos feito um acordo!

Depois de uns dias ,um caminhão encostou e carregou a mudança,a mãe de Carlinhos me chamou pra se despedir,seus olhos vermelhos,rôxo embaixo das pálpebras,me abraçou bem apertado:
_Ele foi feliz graças a ti,obrigado por isto,se puder um dia o perdoa !

Partiu,nunca mais a vi.






_Vai tomar no cú,ladrão!
_Engole o que tu disse!
_Vai tomar no cú!

Saindo do beco que vem do frigorifico, no final do expediente,dou de cara com a criançada jogando bolita,os mesmos gritos,agora a rua esta asfaltada,agora meus cabelos estão brancos,meu pai morreu,meu tio morreu,meus avós morreram,os vizinhos morreram,meu cachorro morreu, minha infância e por fim morri eu,só o que restou foi uma pálida lembrança do que fui ,um fantasma,uma imagem refletida num espelho estilhaçado.Todos morreram.
Olho pro terreno onde ficava a casa dele:
_Ainda não te perdoei,tenho inveja de ti,Carlinhos!


Fim.

Edson Novais,Rio Pardo,Rs

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

CUIDADO COM OS HÔMI,QUE OS HÔMI TE PEGAM DAQUI E PEGAM DE LÁ

Coturnos Soturnos



Disseram ,e eu fiquei sabendo porque minha amiga Jurema me contou ,que sou egocêntrico,que quase todos os personagens principais dos contos sou eu mesmo,que injustiça!!!!!!Qual a melhor testemunha dos fatos que aconteceram comigo, senão eu mesmo?
Pois hoje vou contar alguns fatos que invariavelmente aconteceram comigo,não posso fazer nada!Eu me amo!Mas não sou egocêntrico!

Aqui ao lado da casa onde moro tem uns vizinhos que já viraram extensão de minha família,eles tem um achegado que se chama Felipe.Lipe morava no interior do interior de Rio Pardo,na grotas mesmo!Ele é deficiente mental,agora deve ter uns sessenta anos de idade mas tem a mentalidade de uns oito,é uma criança e sempre o vi e vejo como uma criança,porque os olhos dele dizem isso,tem uma doçura,um encanto,uma inocência infantil é impossível não gostar dele,é impressionante como os olhos falam ,tudo que tu quer saber de uma pessoa ta escrito ali,é só prestar atenção.
Felipe morava com os pais nos fundos do rancho fundo,eles morreram e ele fugiu pro mato,seus parentes ,meus vizinhos ,ficaram sabendo e ,penalizados, foram buscá-lo,caçá-lo.Chegando lá, gritaram,chamaram e nada,mas ele correu e o viram,fugiu ,guinchou, então, um primo teve uma idéia,imaginou acertadamente que estava faminto,colocou umas bananas no mato e se esconderam,dito e feito,quando se abaixou pra pegar , o agarraram e trouxeram pra cidade grande,pra magametrópoli que é Rio Pardo.

Foi longo e penoso pra ele aprender a conviver com gente,pra ti ter uma idéia não conhecia um vaso sanitário,cagava do lado,no chão!
Mas aprendeu,agora passeia o dia todo pelo centro da cidade luz,pelos shopings ,andando de escada rolante,nos elevadores ,no metrô de RP,sempre que o encontro finjo que bato nele brincando ele escancara sua bocarra sem um único dente e ri feliz.

Neste dia estava indo á imec(supermercado)quando o avistei no estacionamento,fiquei ao seu lado e comecei a dar uns tapas levinhos :
_Felipe vai pra casa vagabundo!
_Não vou,tu não manda em mim!
_Que tu ta fazendo no centro?
_Namorando guria bonita!
_Mas tu é feio Felipe!!!!
_Sou bunito kkkkkkkkkkk!!!!!!!!!

E eu dê-le tapa,quem via de longe tinha a impressão que eram tabefes fortes,mas não ,com um rabo do olho vi algo se aproximando a toda,era uma cor verde desbotado,um brigadiano!!!!!!!!!!!
Senti que tava fudido,olhei pro policial , estava com a cacete de pé,me toquei que ia levar pelo lombo,não pensei duas vezes e fugi,até explicar que fucinho de porco não é tomada já tinha levado choque,corri pra dentro do super e entre farinha e arroz me escondi,fiquei lá ,o brigadiano me esperando na porta com o cacete de pé!Sai pra lá carcará!
Mas acontece que o gerente começou a me olhar torto,quando vi tinha um imequete na minha cola,puta que pariu!Ficar não podia,sair também não!!!!!
Foi quando avistei um conhecida minha que nem era tão íntima assim,mas foi minha tábua de salvação:
_Querida!!!!!

Me olhou surpresa:
_Que saudade de ti,tu nem imagina!
A abracei e fui caminhando pra saída,ela tentando se soltar e eu que nem carrapato em bunda de cachorro,passei pelo brigadiano e escondi o rosto nos cabelos dela,a coitada tava apavorada,ao atravessar a rua soltei a diaba e fui embora,ate hoje não sabe que me salvou.







Segundo ato do fato que relato:


Eu tava soltando do trabalho a meia noite, vinha vindo pobrito e alegrito pra casinha humilde de minha irmã ,para atipicamente jantar em sua casa ,uma comidinha sem pretensão nenhuma de ser uma ceia,de ser

Brastemp,mas assim mesmo conseguindo ser uma Enxuta,pois estava vindo pelo beco do Gilmar,uma picada escura,rodeada de eucaliptos,tava la pensando na vida,nos problemas que vivemos nesta vida,na vida que vivemos,no mundo que moramos,pensando no significado da palavra documentado,se alguém tinha

passado menta,quando ao colocar os pés pra fora do dito beco as luzes do giro flex se ascenderam ,o uivo da sirene,lanternas na minha cara e dois pares de braços me agarraram por trás minha mente pensou:
_É estupro seguido de morte!
Pensei:
_vou dar,não quero morrer,lavou ta novo!
Mas era os brigadianos gritando me chutando:
_Cadê a moto!!!????!!!Cadê a moto?///
Pronto algo aconteceu com minha esfíncter, umideceu!!!!!!!
Pronto a bexiga também!!!!!!!!
_Pra parede filho da puta!!!!!

Me chutaram bem ali no ossinho do tornozelo olha vou te dizer, dói,mas dói muito creio que é pior que parto sem anestesia,dai sim ,me caguei todo!!!!!!
Os vizinhos vendo o furdunço,foram chegando e ao se darem conta que era eu,um cidadão ilibado,bom não é pra tanto mas tudo bem, me defenderam,ate que os policiais se convenceram de minha inocência e vendo minha marmita,ainda bem que não quiseram comer minha marmita!,me liberaram.
Fui direto pro chuveiro!





Terceiro ato do fato que relato:

Tava eu com minha pessoa trabalhando a meia noite,e nesta semana colocaram alarmes por toda firma,não sei pra que, só tem gente honesta na minha vila,pois alarmaram tudo com sensores infra- vermelho,que acionava um alarme mais alto que a voz do Pedrão,de santa cruz a plantonista ligava pra firma e o guarda dava a contra senha e relatava o que tinha acontecido,qualquer anormalidade o plantonista do alarme acionava a brigada militar e eles vinham com tudo,valendo mesmo!

Pois muito bem,era uma noite de inverno, um frio dos diabos,era tanto frio que a fumaça que sai da boca imediatamente virava gelo,quando se ia mijar saia flocos de neve do..,eu tava com uma toca ninja no rosto,luvas pretas,jaqueta minha mesmo que era mais quente, estava na guarita com o vigia quando o alarme acionou:
_IÓÒÒÒÒÒÒÒÒÒÒÒÒÒÒÒÒÒÒÒÒÒÒÒÒ!!!!!!
Puta merda,o meu colega saiu correndo eu fiquei,o telefone toca ,uma mulher diz:
_Cachorro branco!
Era a senha,eu tinha que dizer a contra senha,mas nem imaginava qual era,nem tinha porque saber,lasquei:
_Gato preto!!!!!

A mulher desligou e,saí pro pátio,levou uns dois minutos , quando vi ,um carro da brigada ,freou a toda no pátio, desceram e já me agarraram sentando o cacete,colocaram as pulseiras que ninguém quer,me deitaram no chão,engraçado que tive as mesmas reações do conto dois:
Minha esfíncter umedeceu a bexiga também!!!!!!
O vigilante chegou correndo e me socorreu dizendo que eu era um trabalhador,o alarme tinha disparado por causa dum gato,gato bicho!
Após estes acontecimentos fatídicos adquiri uma fobia ,brigadianofobia,cada vez que passo por um ,me encolho e faço o sinal da cruz pedindo proteção dos protetores.



Edson Novais,Rio Pardo ,RS

P.S:liberdade pra mim,é passar a mão na bunda dum brigadiano e ele sorrir e te desejar bom dia,isso sim é liberdade!


sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Lady Gago

Dedico esta fábula a criança que mora na tua alma,a ela que quero falar hoje, nunca deixe que ela parta,é tua parte mais bonita!


O galo tava ciscando nervoso em frente do galinheiro,sua ninhada tava pra nascer,seria pai pela milésima vez,mas era algo que sempre o deixava nervoso,ser pai é muita responsabilidade,pai é exemplo,não é fácil ser exemplo.

A vida era boa,tinha um galinheiro grande ,que era comandado por ele,tinha varias galinhas,filhos ,milho,água,a vida era perfeita!Não sabia o que tinha do outro lado do arame e quando não se sabe que existe outra vida,quando não se sabe que do outro lado do arame tem outros mares,outros ares,a que se tem é uma maravilha,e as vezes é mesmo.
A galinha mãe tava em cima dos ovos prontos já pra descascarem,ouviu uns estalinhos,as primeiras bicadinhas,a casca se quebrou,saiu um biquinho,saiu uma cabecinha amarela,saiu um pintinho,um filhinho,ela chorou de emoção,por mais galinha mãe é mãe,assim foi a tarde toda nasceu um ,nasceu dois,nasceu três,nasceu nove!Mamãe já não chorava, tava era meio irritada !Tanto filho!Todos tão lindos,tão amarelos,parecendo uns pedaços de algodão amarelados!

O último demorou mais que o normal,parecia que não conseguiria,mas nasceu,fraquinho,frágil,feio,mãezinha olhou pro seu filho preocupada,abraçou-o,colocou embaixo de suas asas ,sentiu que assim seria a vida toda,este não nasceu como os outros,mãe pressente!
Conforme Ian nascendo já piavam alto e forte pedindo comida:
-PIU,PIU,PIU!

Era um festival de pius pius ,mas era uma algazarra de felicidade,seu filhinho não piava,olhou preocupada:
_Fala filhinho,que houve querido,com doçura na voz ela tentava fazer com que ele piasse.
_PI-PI-PI-PiU!
Ele era gago!!!!!!!!
Na mesma hora seus irmãos rindo gritavam, zombavam:
_LADY GAGO,LADY GAGO, LADY GAGO,LADY GAGO!!!!!!!!!!!!!!!

Encostado na perna de sua mãe ele chorou,porque sabia ,não era diferente,mas o excluíam.Dói ser tratado como inferior sabendo que se tem valor!

Assim foi sua infância,sendo zombado,não o convidavam pra brincar,e quando convidavam era pra zuar de sua gagueira,seu pai o rejeitou também,só sua mãe o protegia embaixo de suas asas.
Com o bico no arame que separa o galinheiro do outro mundo, ele chorou,chorou porque era infeliz,uma tristeza tão grande o invadiu e tomou conta do seu ser ,de sua alma,as lágrimas rolavam por seu biquinho e caiam na terra,que vontade de dizer que era igual!!!!!



Chorou,chorou.
A infância chegava ao fim,já era um galinho saindo das penas,sua voz mudava,sentia vontade de conversar com as franguinhas mas elas riam dele,quando criava coragem chegava em frente da garota e dizia:
_PIPIPIPIPIPI!!!!!!!

Elas explodiam na risada,ele saía cabisbaixo,triste,infeliz,vida desgraçada!
Um dia tava chutando lata no galinheiro, quando um frangote passou e gritou:
_UI, canta Lady Gago!!!!!!

Não agüentou mais,se bicou com ele,bateu,apanhou,e no fim levou uma bronca do pai e da mãe,definitivamente nao era frango de boa qualidade!
Antes de amanhecer pulou do poleiro,arrumou sua malinha e saiu,iria embora.Fugir.

Quando saiu olhou pela ultima vez sua família,atravessou a porta,o sol nasceu ,algo aconteceu com ele,porque ao ver tanta beleza seu peito se abriu e ele cantou,cantou em alto e bom som ,sem gaguejar,sem piscar,quem estava dormindo acordou,quem estava triste alegrou,seus pais levantaram,o abraçaram,jamais tinham ouvido um canto tão lindo!

O sol parece que também gostou porque raiou com todo seu esplendor,dourando tudo que encontrava pela frente,a vida se tornou ouro,a vida era e é boa!!!!!!!!

Dali por diante sempre era o responsável por acordar a galinhada,passou a ser admirado,as frangas,os frangos,os frangotes,as galinhas véias pediam que cantasse e ele abria o peito duplo,ate que um dia passava por La um artista que trabalhava na Rede Ovo de Televisão e ouviu sua voz,parou

babou,entrou portão adentro:
_Quem esta cantando?
_É o Lady Gago!!!!!!

Entrou e perguntou se queria se apresentar no Domingão do Frangão,aceitou.
Foi um sucesso imediato pipocaram telefonemas pedindo que se apresentasse novamente e ele foi de novo,de novo, de novo e novamente!

Daí pra frente ninguém o segurou mais, cantou no Luciano Cook, na Ana Maria Perua Véia,no Ovo Reporter,no Bom dia Galinheiro Grande ,no Frangástico,Rodrigo Galo,no Gluglu,deu entrevista pro Saipena,ganhou as paradas implacou sucessos como meu Pintinho Amarelinho,Galinha de Macumba,Marilou,dinheiro,fama,repaginagem nova, suas penas estavam brilhantes,fazia propaganda na TV do Sabonete Assepsia contra acne e espinhas do bico.
Viajou,cantou em todos os galinheiros,granjas,foi convidado pra visitar a Sadia e Frangosul, mas por força do bom censo, declinou do convite . O sucesso era cada vez maior,conheceu uma franga nova e juntou as penas,teve filhos.
E foi feliz para sempre,junto com sua esposa galinha,sua mãe, seus pais e suas fãs!

Estava em frente da cama dum hotel fazenda muito chique,ciscando pra la e pra ca,sua galinha tava chocando seus ovos,quer dizer os ovos dela que são dele,quer dizer,ah tu entendeu!

O biquinho forçou a casca lentamente,saiu a pontinha,depois a cabecinha amarelinha,finalmente saiu todo ,cambaleante,olhou pra sua mamãe e piou:
_PI-PI-PIU!!!!!!
Seu pai entrou nesta hora fez um carranca,estreitou os olhos,a galinha se curvou com medo,mas LadY Gago explodiu numa gargalhada e abraçou os dois,feliz como nunca.
Quem puxa aos seus não degenera!



P.S:Lady Gago está fazendo uma campanha e a pedido dele repasso pra ti,ele pede que parem de comer X frango,dog frango,pizza frango,sei lá o que quis dizer,talvez tu entenda,bom ,ta dado o recado,Beijos!