quinta-feira, 14 de abril de 2011

A terneira,a cobra e eu




Sentado em frente de casa, fico rememorando tudo que aconteceu,

olhando o horizonte penso se deverei contar ou não o ocorrido e decidi que sim,

peço que não ria em momento algum, não ria de minha dor, não pise nos meus sentimentos.Vamos lá!

Trabalho a tantos anos num frigorífico que perdi as contas, pra ti ter uma ideia a primeira pedra da construção quem carregou fui eu e levei uma chibatada por ter demorado demais, pois estes dias uma vaca deu a luz a uma linda terneira (evidentemente, não nasceria um cavalo, claro),olha se tu ficar me interrompendo eu paro!

Pois bem, quando a vi eu me apaixonei no exato momento que nossos olhos se cruzaram,

era tão linda, toda preta com uma mancha branca na testa, a pedi pro nosso chefe geral(que é um doce de pessoa, jura) e ganhei, nossa que felicidade! Levei pra casa, batizei de xuxu,os padrinhos foram a Ruti e o Fofo, a amamentei com uma mamadeira, depois que cresceu um pouco mais passei pra uma garrafa pet de pepsi,eu gritava :

_Olha a pepsi! Ela vinha correndo balançando o rabo, ou calda.Com o tempo eu passei a dizer:

_Pode ser!!!E ela já sabia o que era e vinha mamar.

Coisa querida do pai!!!

Já um pouco mais crescida, eu a levava para pastar num campo próximo do frigorífico,tava grande ,linda,ancuda,nossa!As vezes quando ia pastar a direcionava pro meio do matinho , claro pra ela descansar e pegar sombra.

Numa tarde tão linda de sol a deixei no côco do padre este era o nome do campo,

e vim pra casa capinar,não consigo ficar parado ou dormir, tenho que estar sempre trabalhando, é costume!

Tava dê-lhe que dê-lhe ennxada quando senti um arrepio, subindo dos pés, passando pelo saco e parando no peito, que se comprimiu, era um presságio,a imagem de xuxu me veio a mente,ela estava em perigo!

Larguei tudo e corri a cem por hora, quando cheguei numa elevação eu vi!!!!!!!!!

Um sucuri de uns vinte ou trinta metros estava engolindo minha terneira, eu gritei:

_NÃO!!!!!!!!!!!!!!

Desci o barranco ,que já me deu tantas alegrias, num pulo só, parei pra ver como estava a situação,a sucuri tinha comido quase toda a xuxu só estava a cabeça de fora, ela me olhou nos olhos e duas lagrimas correram de seus olhos, tava se despedindo de mim, dando adeus, corri mais, fiquei frente a frente com a diaba da cobra,um sorriso de deboche estava pregado naquela cara nojenta, só as orelhinhas da xuxu estavam de fora,peguei as duas e comecei lentamente a puxar pra fora, a cabeça saiu , achei uma corda velha e amarrei no seu pescoço, prendi num galho de maçanilha e fui puxado, puxado,puxando,o suor escorrendo, com um tranco mais forte ela saiu, livre,virei de costas, foi quando a sucuri traiçoeira me pegou e começou a me apertar num abraço demoníaco,meus ossinhos fraquinhos começaram a estalar,eu ia morrer!!!!Senti o hálito medonho da réptil do diabo,era pior que o meu!Os olhos vermelhos de ódio me encaravam o corpo dela fazia voltas no meu e cada vez apertava mais, mais,elevei meus olhos para o céu e numa ultima prece rezei:

_Perdão Pai,por um ou dois pecadinhos que cometi!!

Foi quando um clarão se deu na minha cabeça e veio uma imagem na minha mente, meu pente! Bem devargazinho fui puxando meu braço ,consegui chegar até o bolso e saquei meu pente, enfiei no suvaco da cobra, ela deu um salto de surpresa, começou a inchar, inchar e explodiu numa gargalhada,que se ouviu até na favela de Ramiz Galvão e rindo fugiu,nunca mais a vi.

Esta é minha história, estamos bem eu e minha terneira que hoje é uma vaca,Xuxu Novais agora é seu nome.

Já a vários dias venho planejando um churrasco,mas não tenho dinheiro,só tem um jeito.........

Edson Novais,Rio Pardo.

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